Soneto de Fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento.
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto.
Que mesmo em face do maior encanto.
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento.
E em seu louvor hei de espalhar meu canto.
E rir meu riso e derramar meu pranto.
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure.
Quem sabe a morte, a angústia de quem vive.
Quem sabe a solidão, fim de quem ama.
Eu possa (me) dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama.
Mas que seja, infinito enquanto dure .


(Vinícius de Moraes)

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Quando penso que tudo o quanto cresce
Só prende a perfeição por um momento,
Que neste palco é sombra o que aparece
Velado pelo olhar do firmamento;

Que os homens, como as plantas que germinam,
Do céu têm o que os freie e o que os ajude;
Crescem pujantes e, depois, declinam,
Lembrando apenas sua plenitude.

Então a idéia dessa instável sina
Mais rica ainda te faz ao meu olhar;
Vendo o tempo, em debate com a ruína,

Teu jovem dia em noite transmutar.
Por teu amor com o tempo, então, guerreio,
E o que ele toma, a ti eu presenteio.

(William Shakespeare)

Como no palco o ator que é imperfeito
Faz mal o seu papel só por temor,
Ou quem, por ter repleto de ódio o peito
Vê o coração quebrar-se num tremor,

Em mim, por timidez, fica omitido
O rito mais solene da paixão;
E o meu amor eu vejo enfraquecido,
Vergado pela própria dimensão.

Seja meu livro então minha eloqência,
Arauto mudo do que diz meu peito,
Que implora amor e busca recompensa

Mais que a língua que mais o tenha feito.
Saiba ler o que escreve o amor calado:
Ouvir com os olhos é do amor o fado.


(William Shakespeare)

Quando à corte silente do pensar
Eu convoco as lembranças do passado,
Suspiro pelo que ontem fui buscar,
Chorando o tempo já desperdiçado,

Afogo olhar em lágrima, tão rara,
Por amigos que a morte anoiteceu;
Pranteio dor que o amor já superara,
Deplorando o que desapareceu.

Posso então lastimar o erro esquecido,
E de tais penas recontar as sagas,
Chorando o já chorado e já sofrido,

Tornando a pagar contas todas pagas.
Mas, amigo, se em ti penso um momento,
Vão-se as perdas e acaba o sofrimento.


(William Shakespeare)

Se te comparo a um dia de verão
És por certo mais belo e mais ameno
O vento espalha as folhas pelo chão
E o tempo do verão é bem pequeno.

Ás vezes brilha o Sol em demasia
Outras vezes desmaia com frieza;
O que é belo declina num só dia,
Na terna mutação da natureza.

Mas em ti o verão será eterno,
E a beleza que tens não perderás;
Nem chegarás da morte ao triste inverno:

Nestas linhas com o tempo crescerás.
E enquanto nesta terra houver um ser,
Meus versos vivos te farão viver.

(William Shakespeare)

Mais que o tempo
Que vivemos separados
É o tempo que temos
Para vivermos juntos

Mais que a dor
Que passei por não te ter
É o amor
Que eu tenho para te oferecer

Bem mais que os momentos
Que chorei por ti
São os momentos
Que irei te fazer feliz

O que eu sinto não se compra
Nem se obriga a sentir
Nasce e explode quando
Não tem mais como conter

Te amo e jamais saberei como é
Viver sem ter você!