Animais Têm Sentimentos

Que ingenuidade, que pobreza de espírito, dizer que os animais são máquinas privadas de conhecimento e sentimento, que procedem sempre da mesma maneira, que nada aprendem, nada aperfeiçoam! Será porque falo que pensa que tenho sentimento, memória, ideias? Muito bem, eu me calo. Você me vê entrar em casa aflito, procurar um papel com inquietude, abrir a escrivaninha, onde me lembra tê-lo guardado, encontrá-lo, lê-lo com alegria. Você entende que experimentei os sentimentos de aflição e prazer, que tenho memória e conhecimento.Vê com os mesmos olhos esse cão que perdeu o amo e procura-o por toda parte com ganidos dolorosos, entra em casa agitado, inquieto, desce e sobe e vai de aposento em aposento e enfim encontra no gabinete o ente amado, a quem manifesta sua alegria pela ternura dos ladridos, com saltos e carícias. Bárbaros agarram esse cão, que tão prodigiosamente vence o homem em amizade, pregam-no em cima de uma mesa e dissecam-no vivo para mostrarem-te suas veias mesentéricas. Descobres nele todos os mesmos órgãos de sentimentos de que te gabas. Responde-me maquinista, teria a natureza entrosado nesse animal todos os órgãos do sentimento sem objetivo algum? Terá nervos para ser insensível? Não inquines à natureza tão impertinente contradição.

(Voltaire)

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Saiu o leão a fazer sua pesquisa estatística, para verificar se ainda era o Rei das Selvas. Os tempos tinham mudado muito, as condições do progresso alterado a psicologia e os métodos de combate das feras, as relações de respeito entre os animais já não eram as mesmas, de modo que seria bom indagar. Não que restasse ao Leão qualquer dúvida quanto à sua realeza. Mas assegurar-se é uma das constantes do espírito humano, e, por extensão, do espírito animal. Ouvir da boca dos outros a consagração do nosso valor, saber o sabido, quando ele nos é favorável, eis um prazer dos deuses. Assim o Leão encontrou o Macaco e perguntou: Hei, você aí, macaco - quem é o rei dos animais? O Macaco, surpreendido pelo rugir indagatório, deu um salto de pavor e, quando respondeu, já estava no mais alto galho da mais alta árvore da floresta: Claro que é você, Leão, claro que é você!.

Satisfeito, o Leão continuou pela floresta e perguntou ao papagaio: Currupaco, papagaio. Quem é, segundo seu conceito, o Senhor da Floresta, não é o Leão? E como aos papagaios não é dado o dom de improvisar, mas apenas o de repetir, lá repetiu o papagaio: Currupaco... não é o Leão? Não é o Leão? Currupaco, não é o Leão?.

Cheio de si, prosseguiu o Leão pela floresta em busca de novas afirmações de sua personalidade. Encontrou a coruja e perguntou: Coruja, não sou eu o maioral da mata? Sim, és tu, disse a coruja. Mas disse de sábia, não de crente. E lá se foi o Leão, mais firme no passo, mais alto de cabeça. Encontrou o tigre. Tigre, - disse em voz de estentor -eu sou o rei da floresta. Certo? O tigre rugiu, hesitou, tentou não responder, mas sentiu o barulho do olhar do Leão fixo em si, e disse, rugindo contrafeito: Sim. E rugiu ainda mais mal humorado e já arrependido, quando o leão se afastou.

Três quilômetros adiante, numa grande clareira, o Leão encontrou o elefante. Perguntou: Elefante, quem manda na floresta, quem é Rei, Imperador, Presidente da República, dono e senhor de árvores e de seres, dentro da mata? O elefante pegou-o pela tromba, deu três voltas com ele pelo ar, atirou-o contra o tronco de uma árvore e desapareceu floresta adentro. O Leão caiu no chão, tonto e ensangentado, levantou-se lambendo uma das patas, e murmurou: Que diabo, só porque não sabia a resposta não era preciso ficar tão zangado.

Moral: Cada um tira dos acontecimentos a conclusão que bem entende.

(Millôr Fernandes)

Quem tem uma família tem tudo, mas quem tem uma unida e repleta de valores e princípios tem a bênção de uma vida. Não tem como não sentir felicidade se ao nosso lado temos pessoas que se preocupam.

E se a ligação é de sangue ou não, isso não interessa. O que importante é que seja de coração. Vamos amar e receber o amor da nossa família, das pessoas que amamos e de quem aquece nosso coração.

Sentimentos são como a bruma
são águas da cachoeira
Um branco véu de espuma
fluindo em uma vida inteira
Sentimentos são liberdade
o cantar de uma paixão
Uma pontada de felicidade
num cantinho do coração
Sentimentos são luzes contentes
carregadas de brilho ofegante
A face de um lindo sol poente
a presença de alguém tão distante
E se reduzir fosse possível
as palavras em uma canção
Sentimentos seriam algo plausível
além da pura emoção.

Liberar todos os sentimentos que cercam a nossa mente nem sempre é algo muito fácil de ser feito. A honestidade quando está relacionada aos sentimentos mais íntimos, muitas vezes é transformada em covardia e nos obrigando a passar um grande período com todos eles presos dentro da gente.

Mas isso não pode se tornar uma rotina, pois o mais prejudicado com essa prisão é aquele que não consegue se desprender de todos esses sentimentos. Sejam boas ou más, todas as emoções deve ser libertadas para não se desenvolverem e passarem a trabalhar inseridas no subconsciente.

A honestidade deve ser sua melhor parceira, quando ligada aos sentimentos. Mesmo quando as consequências correm o risco de não ser as melhores, pelo menos tudo será resultado da verdade, e por mais que doa, tudo será determinado naquele momento.

Caso insista em não revelar tudo aquilo que sente, mais cedo ou mais tarde as consequências virão do mesmo jeito, só que desta vez relacionada com uma mentira e não com a verdade. Isso certamente tornará todo o processo muito mais doloroso, caso optasse por ter sido honesto.

Quantas vezes já deixou de expressar alguma emoção por ser desaprovada pela sociedade ou por achar que a pessoa envolvida poderia ficar magoada? Quantas vezes já negou um sentimento apenas para poupar uma pessoa querida ou por vergonha do que estava sentindo?

Isso é muito mais comum do que você imagina, esconder emoções faz parte do dia a dia de muita gente e acontece de forma tão intuitiva que se não pararmos para pensar, continuamos agindo desta forma eternamente.

Mas será que ocultar o que verdadeiramente se passa dentro da gente pode trazer esses benefícios que motivam essas situações? A curto prazo pode ser que sim, mas ninguém consegue esconder nada nessa vida por muito tempo.

Mais cedo ou mais tarde, alguma atitude inesperada pode dar o controle ao nosso subconsciente e nos fazer revelar tudo o aquilo que estava escondido. E isto pode acontecer de tal forma que acaba com tudo o que foi preservado inicialmente com o disfarce.

Para além dos que estão envolvidos, o mais prejudicado é sempre aquele que não libera seus sentimentos. Não é nada saudável reprimir o que se está sentindo, pois da mesma forma que permanece guardado alguma hora ele será liberado e nem sempre é da maneira que pretendemos.