Mensagens de Fábulas

Uma formiga sedenta veio à margem do rio para beber água.

Para alcançá-la, devia descer por uma folha de grama. Quando assim fazia, escorregou e caiu dentro da correnteza.

Uma pomba, pousada numa árvore próxima, viu a formiga em perigo.

Rapidamente, arrancou uma folha da árvore e deixou-a cair no rio, perto da formiga, que pode subir nela e flutuar até a margem.

Logo que alcançou a terra, a formiga viu um caçador de pássaros, que se escondia atrás duma árvore, com uma rede nas mãos.

Vendo que a pomba corria perigo, correu até o caçador e mordeu-lhe o calcanhar. A dor fez o caçador largar a rede e a pomba fugiu para um ramo mais alto.

Moral: O grato de coração sempre encontrará oportunidades para mostrar sua gratidão.

(Esopo)

Numa pequena vila, de uma pequena cidade, alguns homens trabalhando; cada um em sua tarefa. Naquele lugarejo não se tinha muitas opções de trabalho, quase todos os seus moradores se dedicavam ao plantio ou a criação de gado, e o cultivo de hortifrutigranjeiros.

Eram todos simples, porém muito tradicionais em suas crendices, supersticiosos e respeitadores das datas, principalmente as religiosas. Era véspera de sexta-feira santa. Naquela quinta-feira, todos procuravam adiantar o máximo seus afazeres, para que no dia seguinte, pudessem respeitar e guardar a paixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.

- É! Amanhã não vou tirar leite não, Joaquim.
- Eu também não, Mané.

(Conversavam os compadres), porém entre eles, havia um amigo incrédulo, que não obedecia nem respeitava nenhuma data.

- Ah! Eu não estou nem aí... Amanhã é um dia como um outro qualquer uai, eu num quero nem saber. Vou é cuidar do meu animal e ordenhar a Malhada, tirar aquele leitinho gostoso que só ela tem... e num acontece nada...
- Juca... Você não teima não.
- É isso mesmo Juca, o Mané tem razão. Com essas coisas num se brinca gente!
- Que nada, depois eu conto.

Os amigos se separavam ali. Cada um se dirigira ao seu lar, já eram quase seis horas. Chegando em casa, o Joaquim solta os arreios do animal, dando-lhe um leve tapinha no lombo, de forma carinhosa lhe diz: - Vai meu amigo, amanhã você está de folga. (Joaquim era muito carinhoso e zeloso com seus animais e era dia santo, merecia soltar o animal).

Na casa do Manuel, o Mané como o chamavam, também estavam todos aguardando com muito respeito a chegada da sexta-feira santa. A esposa, Dona Genoveva, já estava a catar o milho para o preparo da tradicional canjica, enquanto as duas filhas, Inês e Graça, preparavam a limpeza da casa com muito carinho, já que no dia santo, era por tradição nem se pegar na vassoura, varrer a casa poderia ser interpretado como um gesto de desrespeito àquele dia.

- Mané, cadê a sua roupa suja, homem? Me dê logo, quero lavar tudo hoje, pois amanhã eu não lavo roupa, você sabe disso!
- Já vai Genoveva, vou só me lavar e já lhe dou a roupa suja, é só um instante.
- Mané, você pegou os peixes que o Sr. Geraldo ficou de guardar assim que chegasse? Olha lá hein, depois acaba e nós vamos comer o quê amanhã??? Carne não!
- Esquenta não sô, já deixei até pago, depois é só Inês ir buscar, uai!
- Então vá logo filha, do jeito que tem tanta gente à procura de peixes, é arriscado até vender o nosso.
- Sim mãe, já vou.

Enquanto isso o Juca, que não estava nem um pouco se importando se amanhã seria dia santo ou não, bebia mais uma branquinha em companhia de sua mulher, a Diva, essa até que era mais temente, já tinha preparado algumas coisas para o dia seguinte, ela era religiosa e temia praticar certas descrenças como o marido, muitas vezes lhe aconselhara à que não praticasse certos atos, que respeitasse mais as coisas de Deus, mas era inútil, o Juca sempre fora descrente, porque não dizer - Ateu.

Todos dormiram. Pela madrugada, por volta das 3 horas da manhã, o Juca levantou-se como de costume, dirigiu-se ao curral e chamou por Malhada, sua vaca mais produtiva; chamou uma, duas, três ou mais vezes, porém a Malhada naquele dia parecia não ouvir seu dono, ela não queria atendê-lo. Juca fora ficando indignado com a pirraça da malhada, e começou a agredi-la, à princípio com palavrões e depois com um chicote; quanto mais ele ficava furioso, mais a vaca se evadia dele.

Começou-se então uma verdadeira batalha - HOMEM X ANIMAL. Quem venceria? Era difícil saber e prever. Mas, porquê aquela reação? Aquele animal era sempre tão dócil, nunca se mostrara rebelde. Juca, não queria nem saber. Num gesto animalesco, possesso de fúria ordenhou a vaca, de uma forma brutal, amarrada sem poder defender-se. Mesmo assim, ele manipulava suas tetas com brutalidade, queria o seu leite, não importava se para isso tivesse até mesmo que matá-la. O líquido começou a sair das tetas de Malhada, ainda era escuro, a lua era nova, a claridade era pouca e Juca continuava a ordenhar...

Ordenhar, até então que finalmente enchera um balde e quando retirava o balde para já então substituí-lo por um outro, foi tomado por um grande pavor, seu rosto enrubesceu, ficou atônito, parecia transtornado, seus olhos esbugalhados parecendo querer saltar-se para fora, não podia acreditar no que estava vendo. No balde... no lugar do costumeiro e delicioso leite, havia sim...sangue... sangue... e muito sangue. Não podia acreditar, porque a Malhada ao invés de lhe dar o leite, lhe dera sim sangue??? Eram perguntas e mais perguntas. Tentou recompor-se do susto e a ignorância mais uma vez tomou conta daquele homem, que sacou uma peixeira que sempre trazia atada ao cinturão e desfechou vários golpes no lado peito daquela que era até então uma grande amiga e que lhe garantira bons lucros durante muito tempo, afinal era sagrado, diariamente lhe proporcionava uma média de 40 litros de leite de boa qualidade.

E agora... Malhada ainda agonizando, deu uma olhada aquele homem, possuidor de tanta ignorância. Viu ainda o seu pequeno bebê... Um lindo bezerrinho, apelidado de Totinho, não podia mais resistir, seu sangue lavava todo o curral, rodeando inclusive o balde que poucos instantes antes, servira para colher o que seria o seu leite. Era sangue no balde e fora. O homem ficara ainda mais aturdido vendo que o pobre e inocente Totinho, o filhinho de Malhada lhe cheirava como se dissesse: - Levanta mamãe. Era demais, saiu correndo pelo pasto sem destino, não havia ninguém. Todos estavam em seus lares, somente ele houvera desrespeitado aquele dia.

Sentou-se debaixo de uma frondosa árvore, acendeu um grande cigarro de palha, e sentiu que um vento lhe soprara os ouvidos, sentiu um forte arrepio, olhou, não havia ninguém, sentou, deitou-se e terminou por cochilar. Logo pegou no sono e começou a sonhar... Estava caminhando por um lugar muito bonito, era todo alvo, branco como a neve, pessoas com os rostos serenos, suaves passavam por ele, só que ele era ignorado, era como se ele não estivesse entre eles e ia andando, sempre aquela beleza... tudo muito suave, até que chegou finalmente à entrada de uma bela casa, toda branca, porém folhada de um brilho extasiante, parecia ouro.

Um Senhor, de barbas longas e brancas aproximou-se dele com um cajado apoiava-se, deveria ter 100, 200, quantos anos??? Não sabia, era idoso; com carinho, ele estendeu-lhe a mão e lhe disse:

- Meu filho... O que você te feito? Por que age assim? Por que é tão descrente? Não deveria ter feito o que fez ainda pouco! (Aquele homem não sabia o que responder...)
- Quem é o senhor?
- Não importa meu filho. Quero salvar você. Ainda é tempo, basta que se arrependa e passe a praticar daqui para a frente boas ações, não vou puni-lo pelo que diz sobre essa data. Quero apenas lhe dizer... Você matou sua Malhada, aquela sua vaquinha que tantas alegrias e lucros já lhe deu. Daqui a um ano, com certeza estará se lembrando desta data. E hoje, exatamente hoje, todos lembram que o meu filho também morreu. Há muitos anos, a humanidade toda se recorda com respeito e dor essa data. E você... porque não respeita também; o leite virou sangue, eu queria apenas alertá-lo, mas você não compreendeu, pensou que foi a pobre malhada. Ela não faria isso. Morreria como morreu, sempre fiel a você, mas vou lhe dar uma outra chance!
- Quem é o Senhor? Será que é quem eu estou pensando??? Se for me perdoe, me dê outra chance. Daqui para frente eu vou mudar... Eu prometo!!!
- Tenho certeza que sim. Você vai agora acordar e vai passar a respeitar aquele que morreu na cruz um dia por você e por todos e que é o MEU FILHO.

O homem acordou... Daquele dia em diante mudara completamente seu comportamento. Hoje respeita os animais, as pessoas, as datas religiosas, sexta feira santa, então... Seu animalzinho companheiro de todos os dias é o TOTINHO, os dois estão à correr pelo pasto, pois este fato ocorreu no ano passado!

Este texto foi escrito por Rita de Cássia Oliveira em 1° de Abril de 1994.

Vejam como é um amigo!

15 de Janeiro
Como foi o Natal e o Ano Novo? Te liguei para cumprimentar mas não te encontrei, uma pena. Queria te contar o bem que eu passei e todos os propósitos que espero cumprir esse ano. Imagino que tuas aulas começaram, e a correria com o trabalho. A todos nos acontece isso. Tomara que possamos nos falar logo. Tenho que te contar muitas coisas.

27 de Março
Ainda não sei de ti. E mesmo que tenha te mandado muitos e-mails, tu nunca me respondes. Talvez estejas com muitas coisas para fazer. Já sei! O mais provável é que tu tenhas saído em tuas merecidas férias que tu me comentaste há uns 5 meses. Lembra que eu te disse que aquela praia era ótima? E esse hotel que tu me falaste deve ser maravilhoso. Tomara que estejas aproveitando.

8 de Maio
Ontem me aconteceu uma coisa horrível... e não tenho ninguém para comentar. Te liguei mas só escutei a tua voz na secretária eletrônica. Deixei uma pequena mensagem, tomara que não se apague. Gostaria muito de te contar o grande problema que eu tenho, mesmo sabendo que é impossível te encontrar em casa a esta hora. Mas como tu sempre me falaste, eu faço uma tempestade num copo de água. Talvez meus problemas não sejam tão agonizantes como os teus... tenho que ser mais forte.

27 de Julho
Feliz Aniversário! Já te liguei duas vezes. Tua mãe e teus irmãos me disseram que ainda não chegaste da faculdade e que de tarde tens trabalho; à noite espero poder falar contigo. Só queria te desejar o melhor e que eu gostaria de continuar a fazer parte da tua vida por muitos anos.

17 de Setembro
Recebi teu e-mail. A piada era engraçada. Não sei se tu ficaste sabendo mas eu estive internado uns dias no hospital. Nada grave, apenas uma dorzinha de cabeça. O médico quer fazer uns exames para estar certo que está tudo funcionando bem. E eu falei para ele que "vaso ruim não quebra". Mas no fundo sinto um pouco de tristeza.

12 de Outubro
Ontem foi meu aniversário. Entendo que tu tenhas esquecido, faz tempo que não nos falamos e bom... tu tens muita coisa para fazer. Estava esperando que tu ligasses para dizer "ta ficando velho", mas por mais que o telefone tocasse, não eras tu. Sabes, desde os dias que passei no hospital, tenho me sentido debilitado, talvez seja que eu não tenha me alimentado bem. Acabei de lembrar que tu estás em época de prova. Tu deves estar lutando contra a álgebra e por isso não me ligaste... sempre foi ruim em álgebra.

20 de Outubro
Alguma coisa não funciona bem comigo, está na minha cabeça. O médico disse que eu preciso fazer quimioterapia antes que meu problema se agrave. Eu acho que sairei bem, confio... mas minha mãe está muito preocupada. Queria que tu tivesses tempo para me ligar, tu sempre sabes dizer as palavras exatas quando a depressão embarga minha alma.

30 de Novembro
Quimioterapia... é o pior. Meu cabelo começou a cair, tenho náuseas e quase não me levanto da cama. Minhas unhas caem aos pedaços. Minhas unhas! Se tu me vires agora, acho que não vais me reconhecer. Emagreci e perdi quase metade dos meus cabelos. Sei que ontem foi teu primeiro dia no trabalho. Tu não me falaste nada, mas soube por outra pessoa que falou contigo... Tomara que dê tudo certo.

11 de Janeiro
Enfim, estou descansando por completo. Recuperei minha cabeleira e minhas unhas voltaram. Sem náuseas ou dores. Aqui tem muita paz e tranquilidade ainda que às vezes me dói saber que minha mãe continua chorando por mim. Daqui posso ver o que tu estás fazendo. Sei que ainda não sabes o que aconteceu comigo. Hoje tu conheceste um guri que tem o mesmo nome que eu tinha... Curioso, né? Lembro que tu sempre dizias que meu nome era estranho e tu pensaste: "Há quanto tempo não falo com ele?"

4 de Março
Faz um mês que tu soubeste do que me aconteceu. Trágico, não? E hoje tu visitaste meu túmulo e me levaste orquídeas, minhas flores favoritas. Ficaste conversando com a placa que leva meu nome enquanto lembravas das nossas aventuras, e te vi chorar. Queria poder estar ai para te abraçar, te consolar e limpar tuas lágrimas, mas já não estou. Ei! Mas o importante é que eu estou feliz, só me entristece saber que tu não estás. E não é certo o que tu dizes... tu sempre foste um bom amigo!

7 de Abril
Não se culpe por isso. Às vezes estamos tão atarefados que nos esquecemos até de respirar. É certo o que tu dizes enquanto apertas nossa foto de quando íamos juntos para a escola. Quantas coisas vivemos juntos e quantas tu quiseste me contar. Perdeste a oportunidade, é certo... desperdiçaste o tempo com coisas que talvez não eram tão importantes como tu pensavas. Eu não te culpo... ainda que aprecio o tempo em que fomos amigos e se tivesse a oportunidade de repetir tudo, não pensaria duas vezes, porque saberia que no final tudo aconteceu para que meu amigo reagisse e vivesse sua vida sem se preocupar com coisas sem importância. Para mim, tu sempre serás meu amigo... meu melhor amigo.

Um cachorro, que levava na boca um pedaço de carne, ao atravessar uma ponte sobre um riacho, vê sua imagem refletida na água. Diante disso, ele logo imagina que se trata de outro cachorro, com um pedaço de carne maior que o seu.

Então, ele deixa cair no riacho o pedaço que carrega, e ferozmente se lança sobre o cachorro refletido na água, para tomar o pedaço de carne que pensa ser maior que a sua.

Agindo assim ele perdeu a ambos. Aquele que tentou pegar na água, por se tratar de um simples reflexo, e o seu próprio, uma vez que ao largá-lo nas águas, a correnteza levou para longe.


Moral da História: É um tolo e duas vezes imprudente, aquele que desiste do certo pelo duvidoso.

Era uma agradável manhã de primavera quando um jovem rico saiu para dar uma volta no seu novo cavalo. Infelizmente, embora não soubesse, ainda era quase selvagem. Assim que sentiu o cavaleiro sobre a sela, o animal pôs as orelhas para traz e disparou à toda pela pista calma.

Em vão, o jovem cavaleiro tentou controlar sua montaria. O animal não obedecia. Tudo o que o homem podia fazer era lançar os braços ao redor do pescoço do animal e se segurar da melhor maneira possível.

Onde você vai com tanta pressa? - gritou um amigo do cavaleiro, enquanto se punha em segurança numa vala.

-- Como vou saber? - gritou o jovem, enquanto era levado. Não sou eu quem está no controle. É melhor perguntar ao cavalo.

MORAL: Temos de saber ao certo quem está no comando.

Conta-se que numa cidade do interior um grupo de pessoas se divertia com o idiota da aldeia.

Um pobre coitado, de pouca inteligência, vivia de pequenos biscates e esmolas.

Diariamente eles chamavam o idiota ao bar onde se reuniam e ofereciam a ele a escolha entre duas moedas: Uma grande de 400 RÉIS e outra menor de 2.000 RÉIS.

Ele sempre escolhia a maior e menos valiosa, o que era motivo de risos para todos.

Certo dia, um dos membros do grupo chamou-o e lhe perguntou se ainda não havia percebido que a moeda maior valia menos.

- Eu sei, respondeu o tolo. Ela vale cinco vezes menos, mas no dia que eu escolher a outra, a brincadeira acaba e não vou mais ganhar minha moeda.

Podem-se tirar várias conclusões dessa pequena narrativa.

A primeira: Quem parece idiota, nem sempre é.

A segunda: Quais eram os verdadeiros idiotas da história?

A terceira: Se você for ganancioso, acaba estragando sua fonte de renda.

Mas a conclusão mais interessante é:

A percepção de que podemos estar bem, mesmo quando os outros não têm uma boa opinião a nosso respeito. Portanto, o que importa não é o que pensam de nós, mas sim, quem realmente somos. O maior prazer de um homem inteligente é bancar o idiota diante de um idiota que banca o inteligente.

Preocupe-se mais com sua consciência do que com sua reputação. Porque sua consciência é o que você é, e sua reputação é o que os outros pensam de você. E o que os outros pensam... é problema deles.

Boa reflexão!

Muito tempo atrás... depois do mundo ser criado e da vida o completar, houve um dia, numa tarde de céu azul e calor ameno, um encontro entre Deus e um de seus anjos. Contam que Deus estava sentado, calado, sob a sombra de um pé de jabuticaba. Lentamente Ele colhia uma ou outra fruta, saboreava sua criação negra e adocicada.

Fechava os olhos e pensava. Permitia-se um sorriso piedoso Mantinha seu olhar complacente. Foi então que, das nuvens, um de seus muitos arcanjos desceu e veio em sua direção. Tinha asas lindas, brancas, imaculadas. Ajoelhou-se aos pés de Deus e falou:

- Senhor, visitei sua criação como pediu, fui a todos os cantos. Estive no sul, no norte, no leste e oeste, vi e fiz parte de todas as coisas. Observei cada uma das suas crianças humanas, e por ter visto, vim até ao Senhor para entender o por quê. Por que cada uma das pessoas sobre a terra tem apenas uma asa? Nós, anjos, temos duas. Podemos ir até ao amor que o Senhor representa sempre que desejarmos. Podemos voar para a liberdade sempre que quisermos. Mas o humano, com sua única asa, não pode voar. Não podem voar com apenas uma asa.

Deus na brandura dos gestos, respondeu pacientemente ao seu anjo:

- Sim, eu sei disso. Sei que fiz os humanos com apenas uma asa.

Intrigado com a consciência absoluta de seu Senhor, o anjo queria entender e perguntou:

- Mas por que o Senhor deu aos homens apenas uma asa quando são necessárias duas para poder voar, para poder ser livre?

Conhecedor de todas as respostas, Deus não teve pressa de falar. Comeu outra jabuticaba e então respondeu:

- Eles podem voar sim, meu anjo. Dei aos humanos apenas uma asa para que eles pudessem voar mais e melhor que Eu ou vocês, meus arcanjos. Para voar, meu amigo, você precisa de suas duas asas. Embora livre, sempre estará sozinho. Talvez da mesma maneira que Eu. Mas os humanos... Os humanos com sua única asa precisarão sempre dar as mãos para alguém a fim de terem suas duas asas. Cada um deles tem na verdade, um par de asas, uma outra asa em algum lugar do mundo que completa o par, assim eles aprenderão a respeitar-se, pois ao quebrar a única asa de outra pessoa podem estar acabando com suas próprias chances de voar. Assim meu anjo, eles aprenderão a amar verdadeiramente outra pessoa, aprenderão que somente permitindo-se amar, eles poderão voar. Tocando a mão de outra pessoa, em um abraço afetuoso, sincero, eles poderão encontrar a asa que lhes falta e poderão finalmente voar. Somente através do amor irão chegar até onde estou, assim como você, meu anjo, e eles nunca estarão sozinhos, quando forem voar.

Deus silenciou em seu sorriso. O anjo compreendeu o que não precisava ser dito. Que possamos encontrar a nossa outra asa, para podermos voar!

Perca alguns segundos lendo e torne seu dia um pouquinho mais feliz...

"Um homem, seu cavalo e seu cão, caminhavam por uma estrada. Depois de muito caminhar, esse homem se deu conta de que ele, seu cavalo e seu cão haviam morrido em um acidente. Às vezes os mortos levam tempo para se dar conta de sua nova condição.

A caminhada era muito longa, morro acima, o sol era forte e eles ficaram suados e com muita sede. Precisavam desesperadamente de água. Numa curva do caminho, avistaram um portão magnífico, todo de mármore, que conduzia a uma praça calçada com blocos de ouro, no centro da qual havia uma fonte de onde jorrava água cristalina. O caminhante dirigiu-se ao homem que numa guarita, guardava a entrada.

- Bom dia - ele disse.
- Bom dia - respondeu o homem.
- Que lugar é este, tão lindo? - ele perguntou.
- Isto aqui é o céu. - foi a resposta.
- Que bom que nós chegamos ao céu, estamos com muita sede. - disse o homem.
- O senhor pode entrar e beber água à vontade, disse o guarda, indicando-lhe a fonte.
- Meu cavalo e meu cachorro também estão com sede.
- Lamento muito - disse o guarda. Aqui não se permite a entrada de animais.

O homem ficou muito desapontado porque sua sede era grande. Mas ele não beberia, deixando seus amigos com sede. Assim, prosseguiu seu caminho.
Depois de muito caminharem morro acima, com sede e cansaço multiplicados, ele chegou a um sítio cuja entrada era marcada por uma porteira velha semiaberta. A porteira abria para um caminho de terra, com árvores dos dois lados que lhe faziam sombra. À sombra de uma das árvores um homem estava deitado, cabeça coberta com um chapéu, parecia que estava dormindo:

- Bom dia - disse o caminhante.
- Bom dia - disse o homem.
- Estamos com muita sede, eu, meu cavalo e meu cachorro.
- Há uma fonte naquelas pedras. - disse o homem indicando o lugar. - Podem beber à vontade.

O homem, o cavalo e o cachorro foram até à fonte e mataram a sede.

- Muito obrigado - ele disse ao sair.
- Voltem quando quiserem - respondeu o homem.
- A propósito, disse o caminhante, qual é o nome deste lugar?
- Céu - respondeu o homem.
- Céu? Mas o homem na guarita ao lado do portão de mármore disse que lá era o céu!
- Aquilo não é o céu, aquilo é o inferno.

O caminhante ficou perplexo.

- Mas então, disse ele, essa informação falsa deve causar grandes confusões.
- De forma alguma - respondeu o homem. - Na verdade, eles nos fazem um grande favor. Porque lá ficam aqueles que são capazes de abandonar até seus melhores amigos."

Era uma vez, num reino distante, um jovem que entrou numa floresta e disse ao seu mestre espiritual: Quero possuir riqueza ilimitada para poder ajudar o mundo. Por favor, conte-me, qual é o segredo para se gerar abundância?

O mestre espiritual respondeu: Existem duas deusas que moram no coração dos seres humanos. Todos são profundamente apaixonados por essas entidades supremas. Mas elas estão envoltas num segredo que precisa ser revelado, e eu lhe contarei qual é. Com um sorriso, ele prosseguiu:

Embora você ame as duas deusas, deve dedicar maior atenção a uma delas, a deusa do Conhecimento, cujo nome é Sarasvati. Persiga-a, ame-a, dedique-se a ela. A outra deusa, chamada Lakshmi, é a da Riqueza. Quando você dá mais atenção a Sarasvati, Lakshmi, extremamente enciumada, faz de tudo para receber o seu afeto. Assim, quanto mais você busca a deusa do Conhecimento, mais a deusa da Riqueza quer se entregar a você. Ela o seguirá para onde for e jamais o abandonará. E a riqueza que você deseja será sua para sempre.

Existe poder no conhecimento, no desejo e no espírito. E esse poder que habita em você é a chave para a criação da prosperidade.

Dois galos estavam disputando em feroz luta, o direito de comandar o galinheiro de uma chácara. Por fim, um põe o outro para correr e é o vencedor.

O Galo derrotado afastou-se e foi se recolher num canto sossegado do galinheiro.

O vencedor, voando até o alto de um muro, bateu as asas e exultante cantou com toda sua força.

Uma Águia que pairava ali perto, lançou-se sobre ele e com um golpe certeiro levou-o preso em suas poderosas garras.

O Galo derrotado saiu do seu canto, e daí em diante reinou absoluto livre de concorrência.

Moral da História:
O orgulho e a arrogância é o caminho mais curto para a ruína e o infortúnio.

Dois homens viajavam juntos através de uma densa floresta, quando, de repente, sem que nenhum deles esperasse, um enorme urso surgiu do meio da vegetação, à frente deles.

Um dos viajantes, de olho em sua própria segurança, não pensou duas vezes, correu e subiu numa árvore.

Ao outro, incapaz de enfrentar aquela enorme fera sozinho, restou deitar-se no chão e permanecer imóvel, fingindo-se de morto. Ele já escutara que um Urso, e outros animais, não tocam em corpos de mortos.

Isso pareceu ser verdadeiro, pois o Urso se aproximou dele, cheirou sua cabeça de cima para baixo, e então, aparentemente satisfeito e convencido que ele estava de fato morto, foi embora tranquilamente.

O homem que estava em cima árvore então desceu. Curioso com a cena que viu lá de cima, ele perguntou:

"Me pareceu que o Urso estava sussurrando alguma coisa em seu ouvido. Ele lhe disse algo?"

"Ele disse sim!" respondeu o outro, "Disse que não é nada sábio e sensato de minha parte, andar na companhia de um amigo, que no primeiro momento de aflição me deixa na mão!".

Moral da História:

A crise é o melhor momento para nos revelar quem são os verdadeiros amigos.

Um califa sofrendo de uma doença mortal, estava deitado sobre almofadas de seda. Os raquins, os médicos de seu país, congregados ao seu redor, concordaram entre si em que apenas uma coisa poderia conceder cura e salvação ao califa: colocar sob sua cabeça a camisa de um homem feliz.

Mensageiros em grande número saíram buscando em toda cidade, toda vila e toda cabana, por um homem feliz. Mas cada pessoa por eles interrogada nada expressava senão tristeza e preocupações.

Finalmente após ter abandonado toda a esperança, os mensageiros encontram um pastor que ria e cantava enquanto observava seu rebanho.

Era ele feliz?

Não posso imaginar alguém mais feliz que eu, disse o pastor rindo-se.

Então, dê-nos tua camisa gritaram os mensageiros.

Mas o pastor respondeu: Eu não tenho nenhuma camisa!.

Essa notícia patética, de que o único homem feliz encontrado pelos mensageiros não possuía uma camisa, deu o que pensar ao califa.

Por três dias e três noites ele não permitiu que nenhuma pessoa se aproximasse dele.

Finalmente no quarto dia, fez com que suas almofadas de seda e suas pedras preciosas fossem distribuídas entre o povo e, conforme conta a lenda, daquele momento em diante o califa outra vez ficou saudável e feliz.

Uma Águia, saindo do seu ninho no alto de um penhasco, num fulminante voo rasante e certeiro, capturou uma ovelha e a levou presa às suas fortes e afiadas garras.

Uma Gralha, que a tudo testemunhara, tomada de inveja, decidiu que poderia fazer a mesma coisa. Ela então voou para alto e tomou impulso. Então, com grande velocidade, atirou-se sobre uma Ovelha com a intenção de também carregá-la presa às suas garras.

Ocorre que suas garras, pequenas e fracas, acabaram por ficar embaraçadas no espesso manto de lã do animal, e isso a impediu inclusive de soltar-se, embora o tentasse com todas as suas forças.

O Pastor das ovelhas, vendo o que estava acontecendo, capturou-a. Feito isso, cortou suas penas, de modo que não pudesse mais voar. À noite a levou para casa e entregou como brinquedo para seus filhos.

"Que pássaro engraçado é esse?", perguntou um deles.

"Ele é uma Gralha meus filhos. Mas se você lhe perguntar, ele dirá que é uma Águia."

Moral da História:
Não devemos permitir que a ambição nos conduza para além dos nossos limites.

Um ladrão veio à noite para assaltar uma casa. Ele trouxe consigo vários pedaços de carne, para que pudesse acalmar um feroz Cão de Guarda que vigiava o local. A carne serviria para distraí-lo, de modo que não chamasse a atenção do seu dono com latidos.

Assim que o ladrão jogou os pedaços de carne aos pés do cão, disse-lhe então o animal:

Se você estava querendo calar minha boca, cometeu um grande erro. Tão inesperada gentileza vinda de suas mãos, apenas serviram para me deixar ainda mais atento. Sei que por trás dessa cortesia sem motivo, você deve ter algum interesse oculto, de modo a beneficiar a si mesmo e prejudicar o meu dono.

Moral da História:
Gentilezas inesperadas é a principal característica de alguém com más, ou segundas intenções.

A inveja provoca a cegueira e desperta a ganância. Conta-se que um dia a inveja e a ganância passeavam de mãos dadas. De repente tropeçaram numa lâmpada maravilhosa e de lá saiu um gênio.
Ele foi logo perguntando:
- Quem são vocês?
A inveja bateu no peito e disse:
- Sou a inveja. Estou caminhando com minha amiga ganância.
E o gênio pergunta?
- Quem é a mais velha, você ou a ganância?
- Eu, disse a inveja, eu nasci primeiro.
E o gênio virou-se para a inveja e disse:
- Você pode pedir tudo o que você quiser. Entendeu? Tudo. Só que eu darei em dobro para a ganância aquilo que você pedir.
A inveja pensou, pensou, pensou e disse:
- Fura um olho meu.

Muita gente perde ótimas oportunidades pela vida afora porque fica o tempo todo contabilizando o que o outro tem. Fica imaginando um jeito de prejudicar, explorar, de tomar, de se comparar.

O invejoso não é só invejoso! É fingido também. Para não despertar tanta inveja nos outros, evite contar suas vitórias retumbantes, conte suas lutas diárias! O invejoso ficará mais aliviado com suas dores na sobrevivência. Há um ditado popular que diz: "Não grite sua felicidade tão alto, a inveja tem sono leve.”

Não dê relatório do seu patrimônio financeiro nem cultural, seja simples. Inveja de rico talvez seja pior do que inveja de pobre. O rico finge que não viu e sofre, porque você conseguiu o seu charme. Aí começa a esnobar, contar vantagem. Fantasia-se para o carnaval social e vai cheio de brilhos e paetês na comissão de frente! O pobre não disfarça, vê e sofre, empina o nariz, cultiva complexos. Ambos perturbam, desgastam, estressam.

Comece agora mesmo um novo jeito de viver! Nunca compare o que você tem hoje com o que o outro tem. Compare o que você tem hoje com o que você não tinha ontem.

Nunca olhe para as conquistas alheias e se esqueça das suas. Nunca finja que não viu os talentos, dons e virtudes do outro. Comece agora a treinar para elogiar o próximo vitorioso. Planeje sua vida para melhorar, pelo menos, 1% todo dia.

Tire a lupa de cima dos defeitos e erros do seu vizinho, do amigo, do colega de trabalho. Faça um balanço diário, com avaliação de suas atitudes por onde você caminha e influencia.

(Ivone Boechat)

Tínhamos uma aula de Fisiologia na escola de medicina logo após a semana da Pátria. Como a maioria dos alunos havia viajado aproveitando o feriado prolongado, todos estavam ansiosos para contar as novidades aos colegas e a excitação era geral.

Um velho professor entrou na sala e imediatamente percebeu que iria ter trabalho para conseguir silêncio. Com grande dose de paciência tentou começar a aula, mas você acha que minha turma correspondeu? Que nada. Com um certo constrangimento, o professor tornou a pedir silêncio educadamente. Não adiantou, ignoramos a solicitação e continuamos firmes na conversa.

Foi aí que o velho professor perdeu a paciência e deu a maior bronca que eu já presenciei: "Prestem atenção porque eu vou falar isso uma única vez", disse, levantando a voz e um silêncio carregado de culpa se instalou em toda a sala, e o professor continuou:

"Desde que comecei a lecionar, isso já faz muitos anos, descobri que nós professores trabalhamos apenas 5% dos alunos de uma turma. Em todos esses anos observei que de cada cem alunos, apenas cinco são realmente aqueles que fazem alguma diferença no futuro; apenas cinco se tornam profissionais brilhantes e contribuem de forma significativa para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Os outros 95% servem apenas para fazer volume; são medíocres e passam pela vida sem deixar nada de útil.

O interessante é que esta percentagem vale para todo o mundo. Se vocês prestarem atenção notarão que de cem professores, apenas cinco são aqueles que fazem a diferença; de cem garçons, apenas cinco são excelentes; de cem motoristas de táxi, apenas cinco são verdadeiros profissionais; e podemos generalizar ainda mais: de cem pessoas, apenas cinco são verdadeiramente especiais.

É uma pena muito grande não termos como separar estes 5% do resto, pois se isso fosse possível, eu deixaria apenas os alunos especiais nesta sala e colocaria os demais para fora, então teria o silêncio necessário para dar uma boa aula e dormiria tranquilo sabendo ter investido nos melhores.

Mas infelizmente não há como saber quais de vocês são esses alunos. Só o tempo é capaz de mostrar isso. Portanto, terei de me conformar e tentar dar uma aula para os alunos especiais, apesar da confusão que estará sendo feita pelo resto. Claro que cada um de vocês sempre pode escolher a qual grupo pertencerá. Obrigado pela atenção e vamos à aula de...".

Nem preciso dizer o silêncio que ficou na sala e o nível de atenção que o professor conseguiu após aquele discurso. Aliás, a bronca tocou fundo em todos nós, pois minha turma teve um comportamento exemplar em todas as aulas de Fisiologia durante todo o semestre; afinal quem gostaria de espontaneamente ser classificado como fazendo parte do resto?

Hoje não me lembro muita coisa das aulas de Fisiologia, mas a bronca do professor eu nunca mais esqueci. Para mim, aquele professor foi um dos 5% que fizeram a diferença em minha vida. De fato, percebi que ele tinha razão e, desde então, tenho feito de tudo para ficar sempre no grupo dos 5%, mas como ele disse, não há como saber se estamos indo bem ou não; só o tempo dirá a que grupo pertencemos.

Contudo, uma coisa é certa: se não tentarmos ser especiais em tudo que fazemos, se não tentarmos fazer tudo o melhor possível, seguramente sobraremos na turma do resto.

Um Leão dormia sossegado, quando foi acordado por um Rato, que passava correndo em cima de seu rosto. Com um ataque ágil ele o agarrou, e estava pronto para matá-lo, ao que o Rato implorou:

Por favor, se o senhor me soltar, tenho certeza que um dia poderia retribuir sua bondade. Rindo por achar ridícula a idéia, assim mesmo, ele resolveu solta-lo.

Pouco tempo depois, o Leão caiu numa armadilha colocada por caçadores. Preso ao chão, amarrado por fortes cordas, sequer podia mexer-se.

O Rato, ouvindo seu rugido, se aproximou e roeu as cordas até deixá-lo livre. Então disse:

O senhor riu da idéia de que eu jamais seria capaz de ajudá-lo. Nunca esperava receber de mim qualquer favor em troca do seu! Mas agora sabe, que mesmo um pequeno Rato é capaz de retribuir um favor a um poderoso Leão.

Moral da História: Os pequenos amigos podem se revelar os melhores e mais leais aliados.

Era uma vez uma menina que tinha um pássaro como seu melhor amigo. Ele era um pássaro diferente de todos os demais: Era encantado. Os pássaros comuns, se a porta da gaiola estiver aberta, vão embora para nunca mais voltar. Mas o pássaro da menina voava livre e vinha quando sentia saudades...

Suas penas também eram diferentes. Mudavam de cor. Eram sempre pintadas pelas cores dos lugares estranhos e longínquos por onde voava.
Certa vez, voltou totalmente branco, cauda enorme de plumas fofas como o algodão.

"- Menina, eu venho de montanhas frias e cobertas de neve, tudo maravilhosamente branco e puro, brilhando sob a luz da lua, nada se ouvindo a não ser o barulho do vento que faz estalar o gelo que cobre os galhos das árvores. Trouxe, nas minhas penas, um pouco de encanto que eu vi, como presente para você...".

E assim ele começava a cantar as canções e as estórias daquele mundo que a menina nunca vira. Até que ela adormecia, e sonhava que voava nas asas do pássaro. Outra vez voltou vermelho como fogo, penacho dourado na cabeça.

"... Venho de uma terra queimada pela seca, terra quente e sem água, onde os grandes, os pequenos e os bichos sofrem a tristeza do sol que não se apaga. Minhas penas ficaram como aquele sol e eu trago canções tristes daqueles que gostariam de ouvir o barulho das cachoeiras e ver a beleza dos campos verdes."

E de novo começavam as estórias. A menina amava aquele pássaro e podia ouvi-lo sem parar, dia após dia. E o pássaro amava a menina, e por isso voltava sempre.

Mas chegava sempre uma hora de tristeza.

"- Tenho que ir", ele dizia.

"- Por favor não vá, fico tão triste, terei saudades e vou chorar....".

"- Eu também terei saudades", dizia o pássaro.
- Eu também vou chorar. Mas eu vou lhe contar um segredo: As plantas precisam da água, nós precisamos do ar, os peixes precisam dos rios... E o meu encanto precisa da saudade. É aquela tristeza, na espera da volta, que faz com que minhas penas fiquem bonitas. Se eu não for, não haverá saudades. Eu deixarei de ser um pássaro encantado e você deixará de me amar."

Assim ele partiu. A menina sozinha, chorava de tristeza à noite. Imaginando se o pássaro voltaria. E foi numa destas noites que ela teve uma idéia malvada.
"- Se eu o prender numa gaiola, ele nunca mais partirá; será meu para sempre. Nunca mais terei saudades, e ficarei feliz".

Com estes pensamentos comprou uma linda gaiola, própria para um pássaro que se ama muito. E ficou à espera.

Finalmente ele chegou, maravilhoso, com suas novas cores, com estórias diferentes para contar. Cansado da viagem, adormeceu.

Foi então que a menina, cuidadosamente, para que ele não acordasse, o prendeu na gaiola para que ele nunca mais a abandonasse. E adormeceu feliz.

Foi acordar de madrugada, com um gemido triste do pássaro.

"- Ah! Menina... Que é que você fez? Quebrou-se o encanto. Minhas penas ficarão feias e eu me esquecerei das estórias... Sem a saudade, o amor irá embora..."

A menina não acreditou. Pensou que ele acabaria por se acostumar. Mas isto não aconteceu. O tempo ia passando, e o pássaro ia ficando diferente.

Caíram suas plumas, os vermelhos, os verdes e os azuis das penas transformaram-se num cinzento triste. E veio o silêncio; deixou de cantar. Também a menina se entristeceu. Não, aquele não era o pássaro que ela amava.

E de noite ela chorava pensando naquilo que havia feito ao seu amigo...
Até que não mais agüentou. Abriu a porta da gaiola.

"- Pode ir, pássaro, volte quando quiser...".

"- Obrigado, menina. É, eu tenho que partir. É preciso partir para que a saudade chegue e eu tenha vontade de voltar. Longe, na saudade, muitas coisas boas começam a crescer dentro da gente. Sempre que você ficar com saudades, eu ficarei mais bonito. Sempre que eu ficar com saudades, você ficará mais bonita. E você se enfeitará para me esperar...".

E partiu. Voou que voou para lugares distantes. A menina contava os dias, e cada dia que passava a saudade crescia.

"- Que bom, pensava ela, meu pássaro está ficando encantado de novo...".

E ela ia ao guarda-roupa, escolher os vestidos; e penteava seus cabelos, colocava flores nos vasos...

"- Nunca se sabe. Pode ser que ele volte hoje..."

Sem que ela percebesse, o mundo inteiro foi ficando encantado como o pássaro. Porque em algum lugar ele deveria estar voando. De algum lugar ele haveria de voltar.

Ah! Mundo maravilhoso, que guarda em algum lugar secreto o pássaro encantado que se ama...

E foi assim que ela, cada noite ia para a cama, triste de saudade, mas feliz com o pensamento:
"- Quem sabe ele voltará amanhã..."

E assim dormia e sonhava com a alegria do reencontro.

Um rico e já idoso fazendeiro, que sabia não ter mais tantos de anos de vida pela frente, chamou seus filhos à beira da cama e lhes disse:

"Meus filhos, escutem com atenção o que tenho para lhes dizer. Não façam partilha da fazenda que por muitas gerações tem pertencido a nossa família. Em algum lugar dela, no campo, enterrado, há um valioso tesouro escondido. Não sei o ponto exato, mas ele está lá, e com certeza o encontrarão. Se esforcem, e em sua busca, não deixem nenhum ponto daquele vasto terreno intocado."

Dito isso o velho homem morreu, e tão logo ele foi enterrado, seus filhos começaram seu trabalho de busca. Cavaram com vontade e força, revirando cada pedaço de terra da fazenda com suas pás e seus fortes braços.

E continuaram por muitos dias, removendo e revirando tudo que encontravam pela frente. E depois de feito todo trabalho, o fizeram outra vez, e mais outra, duas, três vezes.

Nenhum tesouro foi encontrado. Mas, ao final da colheita, quando eles se sentaram para conferir seus ganhos, descobriram que haviam lucrado mais que todos seus vizinhos. Isso ocorreu porque ao revirarem a terra, o terreno se tornara mais fértil, mais favorável ao plantio, e consequentemente, a generosa safra.

Só então eles compreenderam que a fortuna da qual seu pai lhes falara, era a abundante colheita, e que, com seus méritos e esforços haviam encontrado o verdadeiro tesouro.

Moral da História: O Trabalho diligente é em si um tesouro.

Um executivo de férias na praia observava um pescador sobre uma pedra fisgando alguns peixes com equipamentos bastante rudimentares: linha de mão, anzol simples, chumbo e iscas naturais.
O executivo chega perto e diz:
- Bom dia, meu amigo, posso me sentar e observar?
O pescador:
- Tudo bem, doutor.
O executivo:
- Poderia lhe dar uma sugestão sobre a pesca?
- Como assim? - Respondeu o pescador.
- Se você me permite, eu não sou pescador, mas sou executivo de uma multinacional muito famosa e meu trabalho é melhorar a eficiência da fábrica, otimizando recursos, reduzindo preços, enfim, melhorando a qualidade dos nossos produtos. Sou um expert nessa área e fiz vários cursos no exterior sobre isso - disse o executivo, entusiasmado com sua profissão.
- Pois não, doutor, o que que o senhor quer sugerir? - Perguntou calmamente o pescador.
- Olha, estive observando o que você faz. Você poderia ganhar dinheiro com isso. Vamos pensar juntos. Se você pudesse comprar uma vara de pescar com molinete, poderia arremessar sua isca para mais longe, assim pescaria peixes maiores, certo? Depois disso, você poderia treinar seu filho para fazer este trabalho para você. Quando ele se sentisse preparado, você poderia comprar um barco motorizado com uma boa rede para pescar uma quantidade maior e ainda vender para as cooperativas existentes nos grandes centros. Depois, você poderia comprar um caminhão para transportar os peixes diretamente, sem os intermediários, reduzindo sensivelmente o preço para o usuário final e aumentando também a sua margem de lucro. Além disso, você poderia ir para um grande centro para distribuir melhor o seu produto para os grandes supermercados e peixarias. Já pensou no dinheiro que poderia ganhar? Aí você poderia vir para cá como eu vim, descansar e curtir essa paz, este silêncio da praia, esta brisa gostosa...
- Mas isso eu já tenho hoje! - Respondeu o pescador, olhando fixamente para o mar.

No dia em que Deus criou as mães (e já vinha virando dia e noite há seis dias), um anjo apareceu-lhe e disse:
- Por que esta criação está lhe deixando tão inquieto Senhor?
E o Senhor Deus respondeu-lhe:
- Você já leu as especificações desta encomenda? Ela tem que ser totalmente lavável, mas não pode ser de plástico. Deve ter 180 partes móveis e substituíveis, funcionar à base de café e sobras de comida. Ter um colo macio que sirva de travesseiro para as crianças. Um beijo que tenha o dom de curar qualquer coisa, desde um ferimento até as dores de uma paixão, e ainda ter seis pares de mãos.
O anjo balançou lentamente a cabeça e disse:
- Seis pares de mãos Senhor? Parece impossível!?!
- Mas o problema não é esse, - falou o Senhor Deus - e os três pares de olhos que essa criatura tem que ter?
O anjo, num sobressalto, perguntou:
- E tem isso no modelo padrão?
O Senhor Deus assentiu:
- Um par de olhos para ver através de portas fechadas, para quando se perguntar o que as crianças estão fazendo lá dentro (embora ela já saiba); outro par na parte posterior da cabeça, para ver o que não deveria, mas precisa saber, e naturalmente os olhos normais, capazes de consolar uma criança em prantos, dizendo-lhe: "Eu te compreendo e te amo!" - sem dizer uma palavra.
E o anjo mais uma vez comenta:
- Senhor, já é hora de dormir. Amanhã é outro dia.
Mas o Senhor Deus explicou-lhe:
- Não posso, já está quase pronta. Já tenho um modelo que se cura sozinho quando adoece, que consegue alimentar uma família de seis pessoas com meio quilo de carne moída e consegue convencer uma criança de 9 anos a tomar banho.
O anjo rodeou vagarosamente o modelo e falou:
- É muito delicada Senhor!
Mas o Senhor Deus disse entusiasmado:
- Mas é muito resistente! Você não imagina o que esta pessoa pode fazer ou suportar!
O anjo, analisando melhor a criação, observa:
- Há um vazamento ali, Senhor.
- Não é um simples vazamento, é uma lágrima! E esta serve para expressar alegrias, tristezas, dores, solidão, orgulho e outros sentimentos.
- Vós sois um gênio, Senhor! - disse o anjo entusiasmado com a criação.
- Mas isso não fui eu que coloquei. Apareceu assim.

Um Mosquito que estava voando, a zunir em volta da cabeça de um Touro, depois de um longo tempo, pousou em seu chifre, e pedindo perdão pelo incômodo que supostamente lhe causava, disse:

“Mas, se, no entanto, meu peso incomoda o senhor, por favor é só dizer, e eu irei imediatamente embora!”

Ao que lhe respondeu o Touro: “Oh, nenhum incômodo há para mim! Tanto faz você ir ou ficar, e, para falar a verdade, nem sabia que você estava em meu chifre.”

Com frequência, diante de nossos olhos, julgamos-nos o centro das atenções e deveras importantes, bem mais do que realmente somos diante dos olhos dos outros.

Moral da História: Quanto menor a mente, maior a presunção.

Um gato, ao agarrar um galo, ficou imaginando como encontrar uma desculpa, qualquer que fosse, para justificar o seu desejo de come-lo.

Acusou ele então de causar aborrecimentos aos homens, ao cantar à noite, não deixando assim ninguém dormir.

O galo se defendeu dizendo que fazia isso em benefício dos homens, e que desse modo eles podiam acordar cedo para não perder a horário de trabalho.

O gato respondeu; "Apesar de você ter me dado uma boa desculpa eu não posso ficar sem comer." E assim comeu o galo.

Moral da História: Quem é mau caráter, sempre vai achar uma desculpa para tornar legítimas suas ações

Dois viajantes, exaustos, depois de caminharem sob o escaldante sol do meio dia, decidiram descansar à sombra de uma frondosa árvore.

Após deitarem-se debaixo daquela refrescante e oportuna sombra, um dos viajantes, ao reconhecer que tipo de árvore era aquela, disse para o outro:

“Como é inútil esse Plátano! Não produz nenhum fruto, e apenas serve para sujar o chão com suas folhas.”

“Criaturas ingratas!”, disse uma voz vindo da árvore. “Vocês estão aqui sob minha refrescante e acolhedora sombra, e ainda dizem que sou inútil e improdutiva?”

Moral da História: Alguns homens desprezam suas melhores graças apenas porque nada lhes custam.

Onze pessoas estavam penduradas em uma corda num helicóptero.

Eram dez homens e uma mulher. Como a corda não era forte o suficiente para segurar todos, decidiram que um deles teria que se soltar da corda.

Eles não conseguiram decidir quem, até que, finalmente, a mulher disse que se soltaria da corda, pois as mulheres estão acostumadas a largar tudo pelos seus filhos e marido, dando tudo aos homens e recebendo nada de volta e que os homens, como a criação primeira do mundo, mereceriam sobreviver, pois eram também mais fortes, mais sábios e capazes de grandes façanhas...

Quando ela terminou de falar, todos os homens começaram a bater palmas...
E caíram da corda...

Nunca subestime o poder e a inteligência de uma mulher!

Um homem perguntou a um sábio:
- Senhor, tu que és sábio, podes dizer-me o que é felicidade?
O filósofo respondeu:
- Nunca poderia dizer-te. Posso indicar-te apenas o caminho que te levaria até ela.
- Senhor, ficaria eternamente agradecido se fizesses esse favor.
O homem em sua sabedoria disse:
- Pois bem, olha para frente! O que vês?
- Vejo o mundo, senhor.
- Olha mais!
Concentrando sua atenção, falou:
- Vejo campos, serras, nuvens nos céus, bois pastando...
O sábio insistiu:
- Olha mais!
- Nada mais vejo, senhor. Palavra, não vejo nada mais do que te disse.
O filósofo, que entendia os limites da compreensão humana, respondeu:
- O segredo está em permitir que teu coração reconheça a felicidade naquilo que teus olhos veem.

Era um renomado mestre; um desses mestres que correm atrás da fama e gostam de acumular mais e mais discípulos. Em uma grande planície, reuniu centenas de discípulos e seguidores. Levantou-se, impostou a voz e disse:
- Meus amados, escutai a voz de quem sabe.
Fez-se um grande silêncio. Poder-se-ia escutar o vôo rápido de um mosquito.
- Nunca deveis relacionar-vos com a mulher de outro; nunca.
Jamais deveis beber álcool e tão pouco comer carne.
Um dos assistentes atreveu-se a perguntar:
- Outro dia, não eras tu que estavas abraçado com a esposa de Jai?
- Sim, era eu -respondeu o mestre.
Então, outro ouvinte perguntou:
- Não vi a ti outro dia ao anoitecer bebendo na taberna?
- Esse era eu -respondeu o mestre.
Um terceiro homem interrogou ao mestre:
- Não eras tu que outro dia comias carne no mercado?
- Efetivamente -afirmou o mestre.
Nesse momento todos os assistentes sentiram-se indignados e
começaram a protestar.
- Então, porque pedes a nós, que façamos o que tu não fazes?
E o falso mestre respondeu:
- Porque eu ensino, mas não pratico.

O GRANDE MESTRE disse: Se não encontras um verdadeiro mestre para seguir, converte a ti mesmo em mestre.
Em última instância, tu és teu discípulo e teu mestre.

A água do lago estava tão limpa que parecia um espelho.

Todos os animais que foram beber água viram suas imagens refletidas no lago.

O urso e seu filhote pararam admirados e foram embora.

O alce continuou admirando a sua imagem:

- Mas que bela cabeça eu tenho.

De repente, observando as próprias pernas, ficou desapontado e disse:

Nunca tinha reparado, nas minhas pernas. Como são feias! Elas estragam toda a minha beleza!

Enquanto examinava sua imagem refletida no lago, o alce não percebera a aproximação de um bando de lobos que afugentara todos os seus companheiros.

Quando finalmente se deu conta do perigo, o alce correu assustado para o mato. Mas, enquanto corria, seus chifres se embaraçavam nos galhos, deixando-o quase ao alcance dos lobos.

Por fim o alce conseguiu escapar dos perseguidores, graças às suas pernas, finas e ligeiras.

Ao perceber que já estava a salvo,

O alce exclamou aliviado:

- Que susto! Os meus chifres são lindos, mas quase me fizeram morrer!

Ah, se não fossem as minhas pernas!

"Não devemos valorizar só o que é bonito, sem valorizar o que é útil."

Era uma vez um anjinho, muito distraído, chamado Amorel. Ele recebeu uma incumbência de Deus:

- Amorel, acabo de inventar os humanos, eles estão classificados como homem e mulher. Cada um tem seu par e já estão todos alinhados de par em par. Pegue esta bandeja de humanos e leve para que eles habitem a Terra.

Amorel, ficou contente, pois há muito tempo o Senhor não o chamava para tão nobre trabalho. O anjinho pegou a bandeja e ao virar uma esquina lá no céu, trombou com uma anjinha chamada Amanda.

A bandeja voou para longe e todos os casais de humanos se misturaram. Amorel e Amanda ficaram desesperados e foram contar para Deus o ocorrido. O Senhor falou:

- Vocês derrubaram, vocês juntarão!

Porém, parece que Deus se esqueceu que os anjinhos eram distraídos. E é por isso que a cada dia os casais se juntam e se separam. Os dois anjinhos trabalham incessantemente para que os casais originais se encontrem.

O trabalho é muito difícil, tanto é que por muitas vezes eles juntam casais errados, pois os humanos espalhados ficam inquietos e cobram o serviço dos anjinhos o tempo todo.

Quando os humanos se mostram muito desesperados, os anjinhos unem dois desesperados, mas logo depois percebem o engano e os separaram. E, por muitas vezes, esta separação é brusca, pois não se tem tempo a perder.

Recebi um bilhete dos dois anjinhos e vou mandar para você agora: "Se você é um humano, queremos pedir desculpas pela nossa distração, pois errar não é só humano!

Estamos trabalhando com empenho, porém, sempre contando com a ajuda de vocês. Não se desesperem, mas também não se isolem, tentem se mostrar como realmente são, pois à medida que cada um mostrar o que é de verdade, vai tornar o nosso trabalho mais fácil.

Aproveitamos a oportunidade, para nos desculparmos pelas separações abruptas, sabemos que elas geram muito transtorno, mas se nós separamos você de alguém é por que em algum canto vimos alguém bem mais parecido e por isso precisamos isolá-los para facilitar o encontro. Fiquem com Deus."

Um Lobo, que acabara de roubar uma ovelha, depois de refletir por um instante, chegou à conclusão, que o melhor seria levá-la para longe do curral, para que enfim, fosse capaz de servir-se daquela merecida refeição, sem o indesejado risco de ser interrompido por alguém.

No entanto, contrariando a sua vontade, seus planos bruscamente mudaram de rumo, quando, no caminho, ele cruzou com um poderoso Leão, que sem muita conversa, de um bote, lhe tomou a ovelha.

O Lobo, contrariado, mas, sempre mantendo uma distância segura do seu oponente, disse em tom injuriado, com uma certa dose de ironia: "Você não tem o direito de tomar para si aquilo que por direito me pertence!".

O Leão, sentindo-se um tanto ultrajado pela audácia do seu concorrente, olhou em volta, mas, como o Lobo estava longe demais, e não valia a pena o inconveniente de persegui-lo apenas para lhe dar uma merecida lição, disse com desprezo: "Como pertence a você? Você por acaso a comprou, ou por acaso, terá o pastor lhe dado como presente? Por favor, me diga, como você a conseguiu?".

Moral da História:

Aquilo que se consegue pelo mau, pelo mau se perde.